DIRETRIZES PARA TRATAMENTO
1 - Resumo
São apresentados os pontos chaves das Diretrizes para a prática clínica do Tratamento de Úlceras de Pressão publicadas em 1994 desenvolvidas por um painel americano de profissionais de saúde e consumidores com base na evidência científica disponível na época e no julgamento profissional.
A força de evidência que dá suporte a cada recomendação é apresentada após cada afirmação em níveis pelas letras A, B, e C (dentro de parênteses) e foi baseada nos seguintes critérios:
2 - Objetivo
O objetivo da diretriz é oferecer recomendações para o tratamento da úlcera por pressão; assim, aspectos relacionados a avaliação da lesão e tratamento são apresentados.
Os tópicos abordados incluem:
Árvores de decisão ou algoritmos são incluídos para mostrar a sequência de eventos relacionados ao cuidado total do indivíduo com uma Úlcera por Pressão incluindo a avaliação e o suporte nutricional, o controle da sobrecarga dos tecidos com redução da pressão, os cuidados com a ferida e o controle da colonização e infecção bacteriana.
Esta condição pode ser difícil de tratar e frequentemente resulta em dor, desfiguramento e prolonga a hospitalização. Entretanto, um tratamento imediato e eficaz, pode minimizar esses efeitos nocivos e tornar mais rápida a recuperação.
As úlceras por pressão são localizadas nas regiões das proeminências ósseas e classificadas em níveis de acordo com os graus de danos observados no tecido e/ou a profundidade da lesão.
Entretanto as Úlceras por Pressão, não necessariamente, progridem do estágio I para o estágio IV e não cicatrizam do estágio IV para o I já que a cicatrização geralmente é por segunda intenção.
Os estágios da Úlcera por Pressão foram atualizados em 2007 pelo NPUAP (clique aqui)
3 - Gerenciamento do Cuidado ao Paciente com Úlcera de Pressão
Um tratamento eficaz, é melhor conseguido se for usada uma abordagem em equipe, envolvendo pacientes, suas famílias, os cuidadores e profissionais da saúde. O médico ou profissional da saúde deverá:
O programa de tratamento recomendado deve focalizar:
O algoritmo da figura 1 fornece uma visão geral das atividades relacionadas ao Tratamento de Úlcera por Pressão. Quando aplicado a pacientes individuais este algoritmo deverá ser adaptado para acomodar as preferências do paciente e as metas gerais do paciente.
Figura 1: Tratamento da Úlcera por Pressão
Fonte: Bergstrom et al. 1994.
Algoritmos adicionais são fornecidos através deste guia de referência rápido para resumir a abordagem da avaliação e suporte nutricional, tratamento dos tecidos, cuidado da Úlcera e controle da colonização e infecção bacteriana.
4 - Avaliação (Levantamento de Dados do Paciente)
A avaliação é o ponto inicial em preparar para tratar ou lidar com o indivíduo com a Úlcera por Pressão. A avaliação inicial envolve a pessoa como um todo e não somente a úlcera, sendo a base para planejar o tratamento e avaliar os seus efeitos. Uma avaliação adequada também é essencial para que haja uma comunicação entre os profissionais.
Esta seção discute recomendações para avaliar a Úlcera por Pressão e o indivíduo.
4.1 - Avaliando a Úlcera por Pressão
Coleta de dados iniciais: avalie a úlcera inicialmente, quanto a sua localização, estágio, tamanho (no sentido de largura, comprimento e profundidade), presença de tratos sinusais, túneis, descolamentos, tecidos necróticos, a presença ou ausência do tecido de granulação e epitelização.
4.2 - Reavaliação
Reavalie a Úlcera por Pressão pelo menos uma vez por semana. Se a condição do paciente ou da ferida piorar, reavalie o plano de tratamento logo que qualquer evidência de piora seja observada.
4.3 - Monitorização do Progresso
Uma Úlcera por Pressão limpa com inervação e suprimento sangüíneo adequado deve mostrar evidência de cicatrização dentro de 2 a 4 semanas. Se nenhum progresso for demonstrado, reavalie a adequação do plano geral de tratamento, assim como a adesão a este plano, fazendo modificações se necessário.
4.4 - Avaliando o Indivíduo
A avaliação do indivíduo deve incluir a saúde física, complicações, avaliação nutricional, avaliação da dor e seu tratamento, avaliação psicossocial e seu tratamento.
Saúde Física e Complicações
História e exame físico
Faça uma história completa e o exame físico, pois, a Úlcera por Pressão deve ser avaliada no contexto geral da saúde física e psicossocial do paciente.
Complicações
Os profissionais devem estar alertas a complicações associadas às Úlcera por Pressão como: amiloidose, endocardite, formação de osso heterotópico, infestação por miíase, meningite, fístula uretral perineal, pseudo aneurisma, artrite séptica, abcesso, carcinoma de célula escamosa na úlcera e complicações sistêmicas de tratamento tópico (por exemplo, toxicidade por PVPI (povidine) e perda da audição após o uso de neomicina tópica e gentamicina ou garamicina sistêmica). Três outras complicações osteomielite, bacteremia e celulite avançada são discutidas mais tarde, nas recomendações para controlar a colonização bacteriana e a infecção.
Avaliação Nutricional e Cuidados:
Como muitos estudos tem associado a presença de Úlcera de Pressão com má nutrição, a avaliação de deficiências nutricionais é uma parte importante da avaliação inicial. O objetivo da avaliação nutricional é assegurar que a dieta do paciente com Úlcera de Pressão contenha nutrientes adequados que favoreçam a cicatrização. As seguintes recomendações e o algoritmo na figura 2 são designados a ajudar os profissionais a atingir essa meta.
Figura 2: Avaliação e Suporte Nutricional
Fonte: Bergstrom et al. 1994.
Ingestão de uma dieta adequada
Assegure-se que, o paciente tenha uma ingestão dietética adequada para prevenir a má nutrição na extensão que seja compatível com os desejos do indivíduo.
Avaliação nutricional
Faça uma avaliação nutricional abreviada pelo menos a cada 3 meses, para aqueles indivíduos que estão em risco para má nutrição. Isto inclui indivíduos que são incapazes de comer pela boca ou que apresentam uma mudança involuntária do peso.
Acesse aqui as diretrizes americanas para avaliação da nutrição podem ser utilizadas.
Suporte nutricional
Encoraje a ingestão de uma dieta ou suplementação se o indivíduo com Úlcera de Pressão está mal nutrido. Se a ingestão da dieta continua a ser inadequada, impraticável ou impossível, um suporte nutricional (geralmente alimentação por sonda) deve ser usada para colocar o paciente num balanço nitrogenado positivo (aproximadamente 30 a 35 calorias/kg/dia e 1,25 a 1,50grs de proteína/kg/dia), de acordo com as metas do cuidado. Às vezes 2grs de proteína pode ser necessária.
Vitaminas e suplementos minerais
Administre vitaminas e suplementos minerais se deficiências forem confirmadas ou suspeitas.
Avaliação da Dor e Tratamento
A meta da avaliação da dor no paciente com Úlcera de Pressão é eliminar a causa da dor e fornecer analgésicos ou ambos.
Avaliação da dor
Avalie todos os pacientes com dor relacionada a Úlcera de Pressão ou seu tratamento. Os profissionais não devem assumir que a dor não existe, pelo fato do paciente não expressar ou não responder à dor.
Tratamento
Trate a dor eliminando ou controlando a fonte de dor (isto é, com cobertura/tratamento adequado das feridas, ajustando as superfícies de suporte ou reposicionando o paciente).
A troca do curativo e/ou o desbridamento pode ocasionar dor ou agravá-la. O profissional deve tentar prevenir tal desconforto ou fazer alguma ação para aliviá-la. Forneça analgésico antes do procedimento, quando necessário e apropriado.
Avaliação Psicossocial e Tratamento:
O objetivo da avaliação psicossocial é colher as informações necessárias para formar um plano de cuidado que seja consistente com as preferências, metas e capacidades do indivíduo e da família. A meta do tratamento psicossocial é criar um ambiente que conduza a adesão do paciente ao plano de tratamento para a Úlcera de Pressão.
Avaliação do indivíduo
Todos os indivíduos que estão sendo tratados, com Úlcera de Pressão, deveriam ser submetidos a uma avaliação psicossocial para determinar a sua capacidade de compreender, e a sua motivação para adesão ao programa de tratamento.
A avaliação deveria incluir, mas não se limitar ao estado mental, a capacidade de aprendizagem e sinais de depressão, o suporte social, os medicamentos que está tomando atualmente, ou se está se automedicando, o abuso de drogas ou álcool, as metas da pessoa na vida, os valores e estilo de vida, a sexualidade, a cultura e a etnicidade e os estressores. A reavaliação periódica é recomendada.
Avaliação de recursos
Avalie os recursos (isto é, a disponibilidade e habilidade dos cuidadores, situação financeira e equipamentos) dos indivíduos com úlcera por pressão que estão sendo tratados no domicílio.
5 - Colocação de uma Meta
Coloque metas para o tratamento que sejam consistentes com os valores e o estilo do indivíduo, da família e do cuidador.
6 - Intervenções
Planeje intervenções (por exemplo, aconselhamento psicológico e educação) para atender as necessidades psicológicas identificadas e as metas propostas. O cuidado de seguimento deve ser planejado com a cooperação entre o indivíduo e o cuidador.
6.1 - Controle da Sobrecarga nos Tecidos
A meta do controle de sobrecarga da pressão nos tecidos é criar um ambiente que favoreça a viabilidade dos tecidos moles e promova a cicatrização da Úlcera de Pressão. Este termo "controle da sobrecarga nos tecidos" refere-se a distribuição da pressão, prevenção da fricção e danos no tecido. As intervenções são destinadas a diminuir a magnitude da sobrecarga no tecido e favorecer níveis de umidade e temperatura para o crescimento de tecidos saudáveis. Isso pode ser conseguido através do uso de técnicas adequadas de posicionamento e de superfícies de suporte sempre que o paciente esteja na cama ou sentado na cadeira. O algoritmo na figura 3 irá guiar as decisões clínicas.
Figura 3: Controle e sobrecarga Tissular
Fonte: Bergstrom et al. 1994.
Técnicas de Posicionamento do Paciente na Cama:
Para aqueles pacientes que permanecem em risco, institua as medidas abaixo, já recomendadas nas diretrizes para a Prevenção de Úlcera de Pressão.
Uso de Superfícies de Suporte para o Paciente na Cama:
Quando o profissional está selecionando uma superfície de suporte para um paciente, a preocupação principal deveria ser o benefício terapêutico associado com o produto. Várias superfícies têm sido mostradas como fornecendo ambiente, no qual há uma melhora na Úlcera de Pressão, mas não existe uma evidência forte que uma superfície específica tenha consistentemente uma ação melhor do que a outra sob as várias circunstâncias.
Assim, ao selecionar uma superfície de suporte, vários fatores devem ser considerados incluindo a condição clínica do paciente, as características do local onde o paciente se encontra e as características do material da superfície. Outros fatores que devem ser considerados na seleção da superfície incluem: a facilidade do uso, os requerimentos para a sua manutenção, o custo e a preferência do paciente. É importante lembrar que as superfícies de suporte são somente uma parte do plano de tratamento compreensivo. Se uma úlcera não cicatriza, o plano todo deve ser reavaliado antes de mudar a superfície de suporte que está sendo utilizada.
As seguintes características do paciente devem ser consideradas ao selecionar uma superfície de suporte:
O cuidador pode avaliar se o paciente está em cima da Úlcera passando a sua mão aberta, com a palma para cima, entre a superfície de suporte estática e o colchão tradicional, no local da região da Úlcera ou abaixo da região do corpo que está em risco para o desenvolvimento da Úlcera.
Se o cuidador sentir menos de 1 polegada (2,5 centímetros) de material de suporte, o paciente está com seu peso em cima da Úlcera, e a superfície de suporte é inadequada pois há excesso de pressão na região.
Indicações para superfícies de suporte dinâmicas:
Use uma superfície de suporte dinâmica se:
Indicações de camas de ar do tipo de baixa perda de ar e de camas fluidizadas à ar:
Se o paciente tem uma Úlcera de Pressão grande no estágio III ou IV, em múltiplas regiões do corpo, pode ser indicada uma cama tipo low-air-loss ou uma cama fluidizada de ar. Uma cama tipo low-air-loss pode ser indicada se o paciente coloca o seu peso em cima da úlcera ou se a cicatrização não está ocorrendo em pacientes que estão utilizando superfícies (colchonete) dinâmicas.
Necessidade de controlar a umidade:
Quando o excesso de umidade na pele intacta é uma fonte potencial de maceração e lesão na pele, uma superfície de suporte que fornece um fluxo de ar, por exemplo, os 2 tipos de camas (air-fluidized and low-air-loss), podem ser importantes para secar a pele e prevenir o desenvolvimento de Úlceras de Pressão adicionais.
Enquanto o paciente ficar sobre este tipo de suporte ele não deve usar calça plástica para incontinência, pois, este tipo de calça obstrui o fluxo de ar para a pele. Siga as instruções dos fabricantes para usar forros nesses pacientes.
Técnicas de Posicionamento para o Paciente que está Sentado:
Evite pressão na Úlcera: O paciente que tem uma Úlcera de Pressão na região que será comprimida ao sentar-se como a isquiática, deve evitar sentar. Se a pressão na Úlcera pode ser aliviada através da descompressão, ficar sentado por tempo limitado pode ser permitido.
Ao posicionar pacientes que se sentam, considere o alinhamento postural, a distribuição do peso, o balanço, a estabilidade e o alívio da pressão.
Reposicione o paciente que fica sentado de maneira que os pontos sob pressão são mudados pelo menos a cada hora. Se esses horários não podem ser mantidos ou são inconsistentes com os objetivos gerais do tratamento, retorne o paciente para o leito.
Os indivíduos que tem independência parcial como os paraplégicos, devem ser ensinados a levantar o seu peso a cada quinze minutos para fazer a descompressão na região isquiática.
Superfícies de Suporte para Pacientes que estão Sentando:
6.2 - Cuidado com a Ferida
O cuidado inicial da Úlcera de Pressão envolve desbridamento, limpeza da ferida, aplicação do curativo e possivelmente uma terapia coadjuvante, e em alguns casos a cirurgia reparadora pode ser necessária. Em todos os casos, as estratégias específicas dos cuidados com a ferida devem ser consistentes com os objetivos gerais ou metas do tratamento do paciente como um todo.
A figura 4 oferece opções de abordagens de tratamento recomendadas para a Úlcera. Os quatro componentes básicos para um plano efetivo são: Desbridamento (ou debridamento) de tecido necrótico, Limpeza da ferida, prevenção, diagnóstico e tratamento da infecção; uso de cobertura que mantém o leito da ferida úmido e a pele ao redor, seca.
Figura 4: Tratamento da Úlcera
Fonte: Bergstrom et al. 1994.
Desbridamento
Tecidos desvitalizados favorecem o crescimento de bactérias patológicas, assim, a remoção de tal tecido altera favoravelmente o ambiente de cicatrização de uma ferida.
Úlceras estáveis no calcâneo, uma exceção:
As úlceras de calcâneo com escaras ou crostas secas não precisam ser desbridadas se elas não apresentarem edema, eritema, flutuação ou drenagem. Avalie essas feridas diariamente para monitorizar a presença destes sinais de complicações que iriam requerer desbridamento.
Dor
Previna ou trate da dor associada ao desbridamento sempre que necessário.
Limpeza da Ferida
A cicatrização da ferida é otimizada e o potencial para infecção diminuído quando todos os tecidos necróticos, exsudatos ou restos metabólicos são removidos do ferimento. O processo de limpar o ferimento envolve selecionar tanto uma solução de limpeza para o ferimento, quanto os meios mecânicos de fazer com que essa solução chegue até a ferida. Os benefícios de obter uma ferida limpa precisam ser pesados, contra os possíveis traumas da ferida resultantes de tal limpeza. A limpeza de rotina deve ser feita com o mínimo de soluções químicas e trauma mecânico.
Curativos
As Úlceras de Pressão requerem curativos para manter a sua integridade fisiológica. Um curativo ideal deveria proteger a ferida, ser bio-compatível e fornecer uma hidratação ideal. A condição do leito da úlcera e a função desejável do curativo determinam o tipo de curativo que será usado. Uma regra nesse caso é manter o tecido da úlcera úmido e a pele ao seu redor intacta e seca.
O Uso de Terapias Coadjuvantes
O papel de várias terapias coadjuvantes, em melhorar o processo de cicatrização da úlcera, tem sido investigado. As terapias consideradas pela comissão incluiu eletroterapia, oxigênio hiperbárico, infravermelho, ultravioleta, irradiação com laser de energia baixa, ultrasson, agentes tópicos variados (açúcar, vitaminas, elementos, hormônios, fator de crescimento, cytokine e equivalentes da pele) e outras drogas sistêmicas além dos antibióticos por exemplo, vasodilatadores, inibidores de serotonina e agentes fibrinolíticos.
Até este momento a eletroterapia é a única terapia adjunta com evidência de suporte suficiente para que seja garantido a recomendação pela comissão. A comissão recomenda
6.3 - Controlando a Colonização Bacteriana e a Infecção:
As úlceras do estágio II, III e IV são invariavelmente colonizadas por bactérias e na maior parte dos casos, uma limpeza adequada e um desbridamento, vão evitar que a colonização bacteriana chegue até uma infecção clínica. As recomendações relacionadas ao controle da infecção e da colonização em infecção são apresentadas na figura 5 e orientam o profissional através de um caminho definido, para lidar com a colonização da úlcera e a infecção local ou sistêmica.
Figura 5: Controle da Colonização e Infecção Bacteriana
Fonte: Bergstrom et al. 1994.
Colonização de UPP e Infecção
Controle de Infecção
O medo da contaminação cruzada de microrganismos dentro de instituições é realístico, as seguintes recomendações são fornecidas para evitar contaminação cruzada de microrganismos patológicos.
Os procedimentos para manter os curativos limpos e evitar contaminação cruzada, devem ser estabelecidos e de aderência rigorosa. Estes procedimentos incluem o seguinte:
6.4 - Reparo Operatório das UPP
Os procedimentos operatórios, para reparar as UPP, incluem um ou mais dos seguintes: fechamento direto, enxerto de pele, flaps de pele, flaps músculo cutâneo e flaps livres. Apesar de mais pesquisas serem necessárias para desenvolver um critério claro para selecionar aqueles indivíduos mais prováveis de se beneficiarem com tratamento cirúrgico, o comitê fornece alguns critérios gerais: um aconselhamento pré-operatório ao paciente, onde deveria ser incluída informação sobre os procedimentos operatórios disponíveis e os benefícios de cada um. Os fatores que podem dificultar a cicatrização devem ser tratados no pré-operatório. Atenção para as medidas preventivas no pós-operatório é essencial para a cicatrização e também para evitar a recorrência de problema.
Seleção do Paciente
Determinar a necessidade do paciente e a adequação do reparo operatório, quando UPP do estágio III ou IV não respondem ao cuidado ótimo do paciente como o definido nesta diretriz. Candidatos possíveis são aqueles clinicamente estáveis, adequadamente nutridos, que toleram a perda de sangue durante o ato cirúrgico e a imobilidade no pós-operatório. A qualidade de vida, as preferências dos pacientes, as metas do tratamento, os riscos de recorrência e os objetivos esperados da reabilitação são considerados adicionais.
Controle dos Fatores que Dificultam a Cicatrização:
Promova um fechamento cirúrgico de sucesso, controlando ou corrigindo os fatores que possam estar associados com uma cicatrização difícil, como o fumo, a presença de espasticidade, os níveis de colonização bacteriana, Presença de infecção do trato urinário e incontinência.
Seleção de Procedimentos Operatórios
Use os métodos mais eficazes e menos traumáticos para reparar o problema da úlcera. As feridas podem ser fechadas diretamente ou por enxertos de pele, flaps de pele, flaps músculo cutâneo e flaps livres. Para minimizar a recorrência, a escolha da técnica operatória é baseada nas necessidades individuais do paciente e nas metas gerais, assim como, no local específico e na extensão da úlcera.
Evite isquiectomia profilática: a esquiectomia profilática não é recomendada, pois, frequentemente, resulta em úlcera perineal e fístulas uretrais, as quais são problemas mais graves ameaçadores do que as úlceras isquiáticas.Cuidado Pós-Operatório
Minimize a pressão no local da cirurgia pelo uso de colchão de ar fluidizado, colchão de ar com baixa perda de ar e uma estrutura de Stryker por no mínimo 2 semanas. Avalie a viabilidade pós-operatória do local cirúrgico, como clinicamente indicado. Peça para o paciente, aumentar lentamente os períodos que ele senta ou fica deitado sob o flap para aumentar a sua tolerância à pressão. Para determinar o grau de tolerância, observe o flap procurando indicação de palidez, avermelhamento ou ambos, que não desaparece após 10 minutos de alívio de pressão. A educação contínua do paciente é um imperativo para reduzir o risco da recorrência.
Avaliação da recorrência da UPP é um componente contínuo do cuidado. Os cuidadores deveriam fornecer educação e encorajar a aderência às medidas para redução da pressão, exame diário da pele e técnicas de alívio intermitentes.
6.5 - Educação e Melhoria da Qualidade
Educação
As agências e instituições preocupadas com o cuidado da saúde, são responsáveis pelo desenvolvimento e implementação de programas educacionais, destinados a traduzir o conhecimento sobre UPP em estratégias eficazes de tratamento. As metas desses programas são: promover a cicatrização, evitar a deteriorização das UPP existentes e prevenir novas úlceras. Programas de educação deveriam incluir informações relacionadas a prevenção e tratamento, avaliação de danos dos tecidos e monitorização dos resultados.
Prevenção e Tratamento: Um Continuum:
Desenvolvimento do programa e implementação: Planeje, desenvolva e implemente programas educacionais para pacientes, profissionais, cuidadores de saúde que reflitam em uma continuidade do cuidado. O programa deveria começar, com uma abordagem estruturada compreensiva e organizada, para prevenção e deveria culminar em protocolos de tratamento eficazes que promovam a cicatrização assim como evitam a recorrência.
Audiência alvo: Desenvolva programas educacionais onde os alvos são os profissionais de saúde, pacientes, membros da família e cuidadores. Apresente informações em um nível apropriado, para maximizar a retenção e assegurar que ele leve isto para a sua prática. Use princípios de aprendizagem de adulto: explicação, demonstração questionamento, discussão em grupos.
Participação do paciente e do cuidador: Envolva o paciente e o cuidador, o quanto possível, no tratamento da úlcera de Pressão em estratégias de prevenção e opções existentes. Inclua informações relacionadas à dor, desconforto, possíveis resultados e duração do tratamento, se conhecida. Encoraje o paciente a participar ativamente e a aderir às decisões relacionadas à prevenção e tratamento da UPP.
Identificação da implementação dos protocolos: Os programas educacionais deveriam identificar aqueles que são responsáveis pelo tratamento da UPP e descrever o papel de cada um. A informação apresentada e o grau de participação esperado deveria ser apropriado para a audiência.
Avaliando e Tratando dos Danos dos Tecidos
Enfatizando a avaliação: Os programas educacionais deveriam enfatizar a necessidade da avaliação exata, consistente e uniforme, com uma descrição e documentação da extensão dos danos do tecido.
Conteúdo do programa: Inclui as seguintes informações quando desenvolver um programa educacional para o tratamento de UPP:
Revisão e atualização do programa: Programas educacionais devem ser atualizados em bases regulares e contínua para implementar novos conhecimentos, técnicas ou tecnologias que serão necessários.
Monitorização dos Resultados
Avalie a eficácia de um programa educacional em termos dos resultados mensurados: implementação das recomendações das diretrizes, cicatrização das úlceras existentes, redução da incidência de úlceras novas ou recorrentes e prevenção da deteriorização das úlceras existentes. Inclua um programa estrutural compreensivo e organizado, com uma parte integral de melhoria de qualidade e monitoria desta melhoria. Use informações vindas do setor de qualidade e pelas pesquisas de surveys para identificar deficiências, para avaliar a eficácia do cuidado e determinar a necessidade de educação e mudanças de rotina. Focalize no treinamento em serviço relacionado às deficiências identificadas.
Melhoria da Qualidade
A meta da melhoria da qualidade é desenvolver e implementar um programa sistemático, interdisciplinar para facilitar o cuidado compreensivo e consistente que possa ser monitorizado, avaliado e mudado quando as condições do paciente e o conhecimento atual exigir. Para desenvolver e implementar tal programa, o profissional da saúde deveria:
Referência
BERGSTROM, N. et al. Treatment of Pressure Ulcers. Clinical Practice Guideline Number 15. Rockville, MD: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, Agency for Health Care Policy and Research. Publication number 95-0652, December 1994.
Profa. Dra. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Enfermeira com graduação pela Universidade Estadual de Londrina – PR. Mestrado e doutorado pela EERP-USP. Estomaterapeuta pela FAMERP. Membro do Capítulo Rho Upsilon da Sociedade Honorífica de Enfermagem Sigma Theta Tau International da EERP-USP e da Associação Brasileira de Estomaterapia: Estomias, Feridas e Incontinências (SOBEST). Atuação profissional em hospitais nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, cuidado intensivo e no gerenciamento hospitalar. Docente na área de Enfermagem Médico-cirúrgica e Fundamentos de Enfermagem. Professora Associado "Sênior" da EERP-USP. Pesquisadora do CNPq.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.