ASSISTÊNCIA

ÍNDICE:











O câncer de mama na atualidade                              (volta para índice)        

O câncer de mama é, provavelmente o mais temido pelas mulheres devido à sua alta freqüência e sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.

Este tipo de câncer representa uma das principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam um aumento de sua freqüência tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes em suas taxas de incidência. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana do Câncer indica que uma em cada 10 mulheres tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante sua vida.

No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres.

O tratamento para o câncer mamário, especialmente a cirurgia, expõe a mulher a uma série de complicações de ordem física e emocional, tendo como conseqüência dificuldades no desempenho de suas atividades diárias e de seus papéis sociais. O medo da morte, a adaptação a uma nova imagem corporal, a reintegração na vida familiar e sexual, a readaptação no trabalho, são partes de uma longa trajetória que poderá ser vivida com muitas dificuldades especialmente quando não contar com ajuda e orientações de profissionais preparados e treinados.

Neste sentido, este manual tem como objetivo, reunir orientações que possam facilitar a adaptação da mulher neste processo, bem como sua recuperação física, social e emocional
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A cirurgia                                                                  (volta para índice)

Os tratamentos cirúrgicos para o câncer de mama têm evoluído nos últimos anos com possibilidades de cirurgias mais conservadoras. O tratamento clássico consistia da retirada de toda a mama comprometida, a musculatura torácica e linfonodos regionais (gânglios linfáticos da axila próxima à mama afetada).

Em casos selecionados, os cirurgiões vêm fazendo apenas a retirada do quadrante da mama onde se localiza o tumor, juntamente com o esvaziamento cirúrgico da axila do mesmo lado. Dependendo do tipo de procedimento cirúrgico, a mulher poderá apresentar algumas complicações físicas, imediatas ou tardiamente à cirurgia, como: a dificuldades de movimentos de ombro e braço, o linfedema, entre outros, sendo necessário alguns cuidados voltados para recuperação e prevenção de seqüelas.

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O linfedema                                                               (volta para índice)

Tratamento do Linfedema

O linfedema é uma complicação relativamente freqüente após tratamento cirúrgico do câncer de mama. A dissecção dos linfonodos axilares, decorrente dessa cirurgia, leva a uma insuficiência no sistema linfático, que pode, associada ou não a outros fatores (como tipo de cirurgia, história de deiscência, infecção, tratamento radioterápico entre outros), ocasionar linfedema. No nosso serviço (REMA) a reabilitação física, o controle e o tratamento do linfedema são realizados através de exercícios em grupo e/ou individual, cuidados com a pele, técnicas e recursos fisioterápicos (drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo funcional e braçadeira elástica), além da avaliação da evolução do edema através da realização periódica da perimetria dos membros superiores.

Importante ressaltar a necessidade de prevenção do linfedema, pois uma vez instalado torna-se difícil sua regressão total.

- Exercícios: Tem como objetivo aumentar o fluxo linfático a partir da contração muscular, que propicia um bombeamento nas estruturas linfáticas. Devem ser feitos para prevenção e eliminação das complicações da limitação articular, linfedema e alterações posturais, devendo ter sua intensidade aumentada gradualmente. Os exercícios de alongamento: melhoram ou previnem fibrose muscular ou aderência tecidual da área cirúrgica. Devem favorecer movimentos na sua amplitude total.

- Cuidados com o membro:

- Tratamentos fisioterápicos:

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Atividades da vida diária                                                  (volta para índice)

Você poderá realizar suas atividades diárias, evitando excesso de trabalho e esforço exagerado. Todo trabalho que você está acostumada a fazer pode ser realizado, desde que moderadamente. Faça intervalos durante o trabalho, evite repetir o mesmo movimento por muito tempo seguido. O tempo, as condições da cirurgia e o seu próprio limite são os fatores que determinarão se você pode ou não realizar um certo tipo de tarefa.

Recomenda-se a realização de atividades de auto-cuidado e higiene como: alimentar-se, escovar os dentes, pentear os cabelos, banhar-se, maquiar-se, estimulando assim a movimentação do braço afetado.

Após a cirurgia que inclui a remoção dos linfonodos (gânglios linfáticos da axila), pode haver uma tendência para inchaço do braço. Este inchaço pode se tornar mais intenso se sua mão ou braço se infeccionarem ou se ferirem. Portanto, você deve tomar precauções para impedir que isto aconteça.

No caso de infecção, que pode surgir com vermelhidão, dor ou inchaço com ou sem febre ou sensação de mal estar, vá ao médico imediatamente.

Sugestões práticas sobre os cuidados com a mão e o braço:

O TRABALHO É SAUDÁVEL PARA VOCÊ, PORÉM PEÇA AJUDA QUANDO SE TRATAR DE COISAS PESADAS.
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Os exercícios                                                            (volta para índice)

Os exercícios têm como objetivo aumentar o fluxo linfático a partir da contração muscular, que propicia um bombeamento nas estruturas linfáticas. Por isso é apontado como uma das maneiras de se prevenir e tratar o linfedema, sendo imprescindível sua prática rotineira.
Nos primeiros dias de pós cirurgia recomenda-se a realização dos exercícios cujos movimentos exijam uma menor força e menor amplitude, gradualmente deve-se aumentar a força, a amplitude, assim como a complexidade dos exercícios como exemplificado nas figuras.
Realize os exercícios sempre com os dois braços.
Os exercícios não devem causar dor ou cansaço excessivo. Procure identificar quais exercícios e quantas vezes você é capaz de repetir cada um, vá progredindo até o máximo de 10 repetições. Repita esta série no mínimo duas vezes ao dia. Lembre-se de ir acrescentando os exercícios que da primeira vez você talvez não tenha conseguido realizar. Se você estiver sentindo dificuldade em realizá-los, procure ajuda especializada.

EXERCÍCIOS PARA SEREM REALIZADOS DESDE OS PRIMEIROS DIAS DE CIRURGIA
EXERCÍCIOS PARA QUEM JÁ RETIROU OS PONTOS E O DRENO DA CIRURGIA

PROCURE UM GRUPO ESPECIALIZADO QUE OFEREÇA UM PROGRAMA QUE COMTEMPLE ESTA NECESSIDADE.

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Auto massagem                                                                (volta para índice)


1- O que é a auto-massagem?

É aplicação da massagem (drenagem linfática manual), realizada pela própria mulher de forma simplificada.

2- Para que serve?

É um recurso extremamente útil, utilizado tanto na prevenção como no tratamento do linfedema.

A massagem produz um aumento da absorção, transporte e fluxo dos vasos linfáticos superficiais, deslocando a linfa mais rapidamente, estimulando pequenos vasos que se encontram inativos.

3- Quando fazer a auto massagem?

Sua aplicação sistemática, várias vezes ao dia, associada aos exercícios físicos reduz significativamente o lifedema.

Auto massagem simplificada


PROCURE UM GRUPO/NÚCLEO, OU UM PROFISSIONAL CAPACITADO, PARA RECEBER ORIENTAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO DA AUTO MASSAGEM.

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Prótese mamária externa                                              (volta para índice)

O uso de próteses não tem somente a finalidade de melhorar a estética da mulher. É recomendado o uso de soutien com uma prótese mamária para manter a postura, evitando a elevação do ombro do lado afetado e o encurvamento da coluna vertebral devido à diminuição do peso ocasionado pela retirada da mama.

Atualmente as próteses de silicone são confeccionada de modo a proporcionar conforto e tranqüilidade, além de estarem disponíveis no mercado variedades de preços e modelos.

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Grupos de suporte                                                 (volta para índice)

O propósito dos grupos de suporte é oferecer às pessoas com problemas similares de saúde, um espaço onde possam discutir entre si questões relacionadas à própria doença. Ao compartilharem seus sentimentos, recebem cuidado e apoio mútuo de outros que podem amplamente entender os problemas vivenciados individualmente.

Os profissionais que se propõem a trabalhar com grupos de mulheres com câncer de mama podem ajudá-las fornecendo explicações e orientações sobre tratamentos, e problemas psicosociais. Os grupos de apoio procuram promover um ambiente que favoreça: suporte social, compartilhamento de sentimentos, desenvolvimento de habilidades para enfrentamento de situações difíceis, educação, informação e discussão de questões existenciais.


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Quimioterapia                                                     (volta para índice)

É o tratamento que usa substâncias químicas que interferem no processo de divisão e multiplicação celular e tem sido usado isoladamente ou associado aos demais tratamentos do câncer.
Infelizmente ainda não existem drogas que atuam exclusivamente sobre as células doentes. Elas interferem também nas células saudáveis com rápido crescimento como as do cabelo, mucosas e unhas. Isto explica boa parte dos efeitos colaterais da quimioterapia tais como: queda do cabelo, náuseas e vômito, diarréia, estomatite, queda da resistência, anemia, manchas na pele e unhas entre outros.

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Radioterapia                                                             (volta para índice)

A radioterapia é o uso de Raio X de alta potência, cobalto, elétrons ou outras fontes de radiação que podem ser usadas no tratamento do câncer. Este tratamento pode levar a mulher apresentar complicações como: queimaduras da pele, alterações na mobilidade do braço e aumento do risco do linfedema.
Durante este tratamento a mulher deve utilizar um filtro solar na região a ser irradiada e praticar exercícios físicos sistematicamente.

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Hormonioterapia                                              (volta para índice)

São drogas que inibem a secreção de vários hormônios que interferem no crescimento de alguns tipos de câncer de mama. Os efeitos colaterais mais frequentes são: náuseas, vômitos, retenção de líquidos, ondas de calor, trombocitopenia e hipercalcemia.
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Autoconhecimento                                 (volta para índice)

Há alguns anos era recomendado que as mulheres realizassem o autoexame das mamas sistemático e com periodicidade fixa e, em 2015 esta prática foi contraindicada pelo Ministério da Saúde. A não recomendação do autoexame foi baseada em diversos estudos realizados em vários países que concluíram que o autoconhecimento é mais eficaz na detecção precoce do câncer de mama quando comparado com a técnica do autoexame.

O autoconhecimento do corpo e das mamas é muito importante, pois muitas mudanças ocorrem ao longo da vida da mulher, desde sua adolescência até o envelhecimento. O autoconhecimento é essencial para identificar pequenas alterações no corpo, e ele se dá por meio do toque nas regiões das mamas, axilas, colo e pescoço e pela observação de possíveis modificações na pele e formato dos seios. Além disso, busca tornar as mulheres mais conscientes quanto às mudanças que ocorrem em seus corpos, pois uma grande parcela das mulheres é que identifica o primeiro sinal do câncer de mama ao se olhar e se palpar.

Assim, estimula-se que as mulheres conheçam seus corpos e se palpem sempre que se sentirem confortáveis e que busquem mudanças habituais nas regiões observadas.


O autoconhecimento do corpo e das mamas auxilia a identificação de sinais e sintomas do câncer de mama de forma mais precoce.


Sabe-se que durante o período menstrual algumas alterações podem ocorrer no corpo da mulher, como por exemplo, o aumento da sensibilidade nas mamas, com momentos mais doloridos. Tais sinais são comuns deste período, mas devem desaparecer com o fim do ciclo menstrual.


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Seguimento - Exames de rotina                              (volta para índice)

Um planejamento específico de acompanhamento deve ser efetuado com as mulheres que foram submetidas ao tratamento por câncer de mama. Da mesma forma, qualquer complicação proveniente da doença ou do tratamento deverá ser identificada e tratada o mais cedo possível.
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Impacto psicossocial do diagnóstico e tratamento do câncer de mama  (volta para índice)

O câncer de mama indubitavelmente é a doença mais temida pelas mulheres, uma vez que compromete não somente a integridade física, mas também a relação que a paciente estabelece com seu corpo e sua mente, pois a mama é o símbolo corpóreo da feminilidade, beleza, sexualidade e maternidade. Dessa forma, a literatura científica especializada indica que o diagnóstico do câncer de mama geralmente é acompanhado do surgimento de sintomas de estresse, ansiedade e depressão, do temor da mutilação, do sofrimento e da morte e da eclosão e/ou acentuação de conflitos psicológicos e transtornos psiquiátricos.

A mastectomia é um procedimento cirúrgico freqüentemente utilizado para o tratamento do câncer de mama. Trata-se, contudo, de um recurso terapêutico altamente agressivo, que causa limitações físicas consideráveis e restringe a capacidade de movimentação corporal da mulher. Além disso, a mastectomia acarreta um impacto psicossocial particularmente acentuado, visto que a mutilação mamária decorrente da remoção da massa tumoral afeta a auto-imagem e a sexualidade da mulher e gera sentimentos de inferioridade e medo de rejeição por parte do parceiro. A despeito de serem menos agressivas, as demais modalidades terapêuticas – sobretudo a quimioterapia e a radioterapia – também causam uma debilitação física considerável e despertam repercussões psicossociais importantes, pois geram efeitos colaterais diversos, dentre os quais se destacam a queda dos cabelos, o escurecimento da pele, o emagrecimento, o surgimento de edemas e a infertilidade.

A chamada Síndrome de Damocles – o temor latente e constante de que a doença, subitamente e por qualquer motivo, se instale novamente – é considerada pelos autores especializados como uma das principais repercussões psicossociais do câncer e de seu tratamento. Pode-se pensar que a reincidência do câncer, seja ele de mama ou de qualquer outro tipo, possui um caráter tão temível porque simbolicamente representa o fracasso dos esforços empenhados em controlar a doença e coloca o portador novamente frente à própria finitude. Para mulheres portadoras de câncer de mama, a possibilidade da recaída da enfermidade parece ser especialmente angustiante, pois, além de evidenciar de forma contundente a fragilidade que marca a condição humana, é vivenciada como uma nova ameaça ao corpo já mutilado pelo tratamento.

Pode-se dizer, portanto, que o câncer de mama e seu tratamento representam um trauma psicológico para a maioria das mulheres, que se vêem obrigadas a enfrentar a perda da vida "normal"; que possuíam antes da ocorrência da enfermidade, a conviver com as alterações corporais resultantes das modalidades terapêuticas adotadas e a repensar metas, projetos e sonhos futuros. Evidencia-se, dessa forma, a importância de oferecer assistência multidisciplinar à mulher acometida pela enfermidade em questão.









Apoio psicológico                                                      (volta para índice)

Com o intuito de disponibilizar assistência psicológica às usuárias do REMA, uma equipe de Psicologia foi incorporada ao serviço. Atualmente tal equipe é composta por três psicólogos e três estagiárias e supervisionada por um docente do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Três modalidades de atuação têm sido colocadas em prática até o momento, a saber: avaliação psicológica, intervenção psicoterapêutica individual e grupo de apoio.

As avaliações têm como objetivo o delineamento do perfil psicológico das pacientes e focalizam principalmente a identificação dos recursos adaptativos dos quais as mesmas dispõem para enfrentar a doença e seu tratamento. Conduzidas majoritariamente com usuárias recém-inseridas no serviço, as avaliações psicológicas fornecem elementos para o direcionamento da intervenção da equipe multidisciplinar e são realizadas mediante a utilização de técnicas de exame psicológico, tais como entrevistas semi-estruturadas, escalas, inventários e técnicas projetivas.

As intervenções psicoterapêuticas individuais têm como intuito básico expandir o nível de consciência que as pacientes possuem acerca de sua problemática, conduzindo-as a uma maior compreensão de sua própria situação emocional. A estratégia psicoterapêutica adotada é de duração breve, uma vez que a proposta é tratar de aspectos emocionais associados ao enfrentamento da enfermidade e seu tratamento. Assim sendo, busca-se delimitar e circunscrever o foco da intervenção a problemas relacionados a essa questão, visando potencializar os recursos adaptativos das pacientes. Os atendimentos são semanais, possuem cinqüenta minutos de duração e são conduzidos a partir do emprego de técnicas psicoterapêuticas de orientação psicanalítica.

O grupo de apoio é coordenado por uma enfermeira, conta com a participação de profissionais de diferentes especialidades (psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas) e visa favorecer, a partir da troca de informações e experiências entre as usuárias do serviço, a aquisição de insights capazes de contribuir para a reabilitação biopsicossocial das mesmas. Conduzido mediante o emprego de uma combinação de diversas técnicas e estratégias, o grupo de apoio é aberto, ininterrupto, tem duração de uma hora e ocorre três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras.

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